sexta-feira, 22 de novembro de 2013

nus e sem dentes...

Nus e sem dentes...

Todos nascemos assim.
Sem roupa,
Nem marfim,
Na boca.

Com o tempo,
Lentamente, tudo foi mudando.

Primeiro a touca.
Branquinha ou de rosa.
E aquela indumentária,
Complicada,
Perfeita e minúscula,
Que esperava na arca...

Ao fim dum trimestre,
Apareceram à frente,
Sorridentes,
Dois centuriões desarmados.
Sem companhia,
Por cima ou por baixo.

Gargalhada geral...
O petiz já mordisca!...

Foi só o começo.
Uma caravana afilada
Emergiu lá de trás...

Não lhes chegam as papas.
Querem trincar.
Côdea com pão.
De preferência do chão,
Quanto mais duro melhor.

Tudo foi bem até certa altura.
Camisa e gravata,
Vestidinho de chita...
Ao gosto da mãe.

Veio a escola,
Um estuário sem lei.
Dá-se a mistura.
Uns esgrouviados,
Outros filhinhos de rei.
Não há quem os trave.

Crescem-lhes os cabelos,
Cavalos à solta.
Esfarrapam as calças,
Que cheiravam a novas.

Mariolas ao vento,
Praticam de tudo,
Antes do tempo...

Partem e estragam,
Sem tento nem lei...
Borram paredes...
Frequentam partidos.
Berram e latem,
Parecem uns cães..
Só fazem barulho.

E assim vão andando...
Sem pressas.
E, um dia, são os reis...
Deste mundo, às avessas.

Berlim, 22 de Novembro de 2013
9h34m
Joaquim Luís Mendes Gomes







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