sexta-feira, 15 de novembro de 2013

minha cédula...


A minha cédula...

 

Encadernei de verde vivo

A minha cédula de nascimento,

Quando fiz dez anos.

Com tanto orgulho...

Com tanta esperança...

Mesmo a certeza

De que toda a gente era

Como os meus pais.

 

Só queriam meu bem.

 

Cresci. Aprendi na escola,

Da primária à universidade...

Que o meu País era um Estado

Bem governado

Por gente honrada.

 

Confiei-lhes a vida

Ao alvorecer da idade.

Indo para a guerra,

Por meu dever.

 

Subi a pulso e cheguei bem alto.

Pelas minhas forças.

Servi o melhor que soube e pude...

 

Jamais admito agora,

Que me venham roubar

Esses mesmos que,

Por artes sórdidas,

Se sentam à mesa,

Onde decidem tudo,

Sem respeitar nada

Do que o Povo mandou...

Só me falta rasgar a cédula.

 

Berlim, 15 de Novembro de 2013

17h40m

Joaquim Luís Mendes Gomes

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