sábado, 23 de novembro de 2013

pintado de fresco...

Pintado de novo...


Pintei meu portão de vermelho.
Ali bem à frente,
Da minha janela.

Uma cor forte
Que faz frente ao sol.
Pus-lhe um letreiro:

“Pintado de fresco.”

Pela calada da noite,
Só podia ter sido.
Alguém, incauto,
Lhe pôs a mão.

Ficaram marcadas.
Eram de gente,
Sem luvas.
Tinha marcadas
Todas as linhas sulcadas,
De impressão digital.
Da palma e dos dedos.

Se fosse por mal,
Poderia chegar ao autor...

Dias depois, o telefone tocou.

Do lado de lá,
Uma voz furiosa
Que não disse quem era,
Descarregou-me a tropel,
Toda a maldade malvada
Que lhe ia na alma.
- que não havia direito
De se pintar um portão,
Onde passam pessoas,
Sem o cobrir...
Bati ao portão
E ninguém apareceu...
Só de má fé!...

Agarrei-me à cadeira,
Para não me estatelar.
Sem saber que dizer.

No domingo seguinte,
Fui à missa do dia.
Cumprindo o preceito.
Fui comungar.

Por acaso ou não,
Reparei na mão
Que segurava a patena.
Toda vermelha.
Da cor do portão...

Aquela ideia
Ficou-me a bailar...
- o figurão do portão
É  sacristão!...

Berlim, 23 de Novembro de 2013
20h32m
Joaquim Luís Mendes Gomes




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