Pintado de novo...
Pintei meu portão de vermelho.
Ali bem à frente,
Da minha janela.
Uma cor forte
Que faz frente ao sol.
Pus-lhe um letreiro:
“Pintado de fresco.”
Pela calada da noite,
Só podia ter sido.
Alguém, incauto,
Lhe pôs a mão.
Ficaram marcadas.
Eram de gente,
Sem luvas.
Tinha marcadas
Todas as linhas sulcadas,
De impressão digital.
Da palma e dos dedos.
Se fosse por mal,
Poderia chegar ao autor...
Dias depois, o telefone tocou.
Do lado de lá,
Uma voz furiosa
Que não disse quem era,
Descarregou-me a tropel,
Toda a maldade malvada
Que lhe ia na alma.
- que não havia direito
De se pintar um portão,
Onde passam pessoas,
Sem o cobrir...
Bati ao portão
E ninguém apareceu...
Só de má fé!...
Agarrei-me à cadeira,
Para não me estatelar.
Sem saber que dizer.
No domingo seguinte,
Fui à missa do dia.
Cumprindo o preceito.
Fui comungar.
Por acaso ou não,
Reparei na mão
Que segurava a patena.
Toda vermelha.
Da cor do portão...
Aquela ideia
Ficou-me a bailar...
- o figurão do portão
É sacristão!...
Berlim, 23 de Novembro de 2013
20h32m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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