sábado, 30 de novembro de 2013

comboio da Régua...


Comboio da Régua...

 

 

Tomava o comboio a carvão

Em Caíde d’El Rei,

Que vinha do Porto até ao Pinhão.

 

Era ronceiro...

Tuncathum...thuncathum...

Lá ia ele em marcha lenta,

Sempre a apitar...

Como um elefante.

 

Deitava fumo branco

Em baforadas,

Seguia raivoso,

Para chegar a horas.

 

Furava túneis.

espumando cinzas,

Sem ver o chão.

 

Aí ia ele, de braço dado,

Ao pé do Douro.

 

De hora a hora,

Matava a sede,

Bebia água,

Em vez de vinho...

Com três classes,

Duas de pau.

Porque a primeira,

Na dianteira,

Tinha fregueses certos,

Eram os fidalgos

Donos da eira...

 

Hiii!...Hiii!...

Dobrando as curvas,

Sempre subindo.

 

Ai que saudades eu sinto dele,

Apesar da camisa fina,

Me ficar toda suja,

Com tanta cinza!...

 

 

Berlim, 1 de Dezembro de 2013

Joaquim Luís Mendes Gomes

 

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