Ao fim do mundo...
À meia-noite, apanhei o comboio
Que me levaria ao fim do mundo.
O bilhete era só de ida,
Sem passa-porte.
Na primeira estação,
Logo apareceu a morte.
Engravatada.
Um bornal à cinta.
Correu a pente fino
Todos os bancos.
Escondi-me dela.
No WC.
Viajei oculto.
Da minha janela,
Divisei os campos lavrados.
Subi as serras.
Passei fronteiras.
Como foragido.
Em liberdade plena.
De hora a hora,
Uma estação...
Inebriado,
Atravessei estepes,
Devassei savanas.
Florestas virgens,
E cearás...de sol.
Me sentia livre!...
Ao cabo de tantos dias,
Última estação.
Sem eu dar conta,
Tinha dado a volta ao mundo.
Peguei nas malas
Para sair.
Desci as escadas.
Ali estava a morte.
- o seu bilhete?...
-é só de ida!...
Põs-me as algemas.
Entregou-me às feras
Do meu País...
Berlim, 15 de Novembro de 2013
15h5m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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