sexta-feira, 15 de novembro de 2013

ao fim do mundo...

Ao fim do mundo...

À meia-noite, apanhei o comboio
Que me levaria ao fim do mundo.
O bilhete era só de ida,
Sem passa-porte.

Na primeira estação,
Logo apareceu a morte.
Engravatada.
Um bornal à cinta.
Correu a pente fino
Todos os bancos.

Escondi-me dela.
No WC.

Viajei oculto.

Da minha janela,
Divisei os campos lavrados.
Subi as serras.
Passei fronteiras.
Como foragido.
Em liberdade plena.

De hora a hora,
Uma estação...

Inebriado,
Atravessei estepes,
Devassei savanas.
Florestas virgens,
E cearás...de sol.

Me sentia livre!...

Ao cabo de tantos dias,
Última estação.
Sem eu dar conta,
Tinha dado a volta ao mundo.
Peguei nas malas
Para sair.
Desci as escadas.
Ali estava a morte.
- o seu bilhete?...
-é só de ida!...

Põs-me as algemas.
Entregou-me às feras
Do meu País...

Berlim, 15 de Novembro de 2013
15h5m
Joaquim Luís Mendes Gomes


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