Comboio da meia noite...
Apanhei o comboio da meia-noite.
Sem destino.
Meti-me nele e fui.
Ia vazio meu camarote.
Pus-me à janela.
A escuridão dos campos.
De longe alonge uma luzinha tíbia,
Na encosta do monte.
- Ali há gente.- pensei.
Como eu vive e sonha.
Sofre e ri.
Mais à frente,
O comboio parou.
Junto à estação.
Toda iluminada,
Ninguém no cais,
Além da bandeirinha
Que nos fez seguir.
E veio um rio.
Uma ermida além.
E mais casais, espalhados,
Como pirilampos.
Aqui vou eu.
Centro do mundo...
Ao deus dará.
Sorridente, com ar garboso,
O revisor entrou.
- o seu bilhete?
Pus-me à procura.
Em todos os bolsos...
Depois me lembrei
Que o não tinha tirado!...
Atónito, voltou:
- Para onde vai?
Caí em mim.
Nem eu sabia.
- até ao fim da linha...
- e donde vem? – retorquiu,
Naturalmente.
- Da primeira estação..donde partiu.
- vai pagar multa...além do bilhete!...
- assim seja.- lhe respondi.
E aqui vou eu
Sem saber para onde.
Onde vou dormir!...
Berlim, 26 de Novembro de 2013
20h18m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Berlim,
Sem comentários:
Enviar um comentário