Esqueci-me de fechar a porta de minha casa...
Sou desarrumado.
Só quero viver.
O espaço não conta.
Só o preciso.
Adoro a limpeza e o esmero.
Parece mentira.
Mas, pôr e dispor meus trastes,
Segundo leis que não fiz,
Nunca foi minha prenda.
Por isso,
Grande surpresa encontrei,
Ao chegar do dia.
Tudo estava perfeito.
Minha casa
Parecia um paraiso.
Com tanto rigor.
Tanta harmonia.
Em vez de alegria,
Senti-me triste.
Por não ser capaz de me mover.
Em cada passo,
Eu tremia.
Estremecia o chão,
Com ameaças de desordem.
Cada poalha, por mais minúscula,
Reluzindo,
Lá do soalho,
Ofuscava estes olhos,
Habituados a olhar para o alto.
As cadeiras bem perfiladas.
Tão ordenadas,
Como companhia de
artilharia.
Frente ao comandante.
Na cozinha,
Tudo luzia.
Cada tacho,
Cada panela,
Cada prato,
E o fogão...parecia novo.
Me exigiam tanta coragem
Que não fui capaz de cozinhar.
Senti-me distante.
Mesmo um estranho.
Aquela casa não era a minha.
Vim à porta,
A certificar qual era o número.
Era mesmo o meu.
Abri as janelas de par em par.
Pedindo a Deus
Que assim me fez,
Que viesse uma ventania
E repusesse tudo
No meu lugar.
Berlim, 14 de Novembro de 2013
16h53m
Joaquim Luís Mendes Gomes
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