Mordaças da vida...
Saltei para o meio da praça,
Tentando descalçar as botas.
Minhas passadas
Mas prenderam com tantos laços,
Via-me grego para caminhar.
Tantas laçadas me deu a vida...
Preferia poder
Andar descalço.
As mais apertadas
Tinham as marcas fundas
Da religião, muito mal contada.
Tantas nuvens densas
Toldaram meus pés...
Me ataram as mãos.
Em confusão.
Um tal novelo, de voltas falsas,
Me prendeu os dias,
Com frio e vento.
De enregelar.
Sobrevivi, apesar de tudo.
Graças a Deus.
Abri os olhos, vi claro.
O sol raiava...
Tudo era negro.
Com tantas regras...
Tantas laçadas,
De estarrecer.
Num golpe de rins,
Dei cá um salto
E pus-me a correr.
Outras vieram.
Filhas da pátria!...
Mandaram-me prà guerra,
Sem saber porquê...
Quis o destino
Me salvar da morte,
Naquela hora de esperança,
Que a vida promete...
Às vezes não é...
Saltei para vida, um lutador.
Trepei os montes,
Para chegar ao topo
E ver o sol...
Atingi os cumes,
E uma miragem brilhante,
Se abriu em frente.
Caí em mim,
Senti-me vazio,
Um desprezado.
Pedi socorro.
Ninguém apareceu.
Pelos meus pés,
Sangrando sangue,
Lancei-me à luta,
Com as minhas armas,
Que Deus me deu.
Abri os olhos...
Tomei um duche.
Fiquei em mim.
Pus-me a dormir
A sono solto...
Quando acordei,
Me vi sem botas.
Berlim, 29 de Novembro de 2013
2026m
Joaquim Luís Mendes Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário