domingo, 12 de maio de 2013


Cesária Ébora

 

Me deixem escuitar sempre,

Esta fada do cabo,

Verde do mar

Que sabia encantar,

Como ninguém,

Horas sem fim…

 

Pôr a sonhar

Tão leve e branda,

Como quem ouve e vê

A neve caindo.

 

Em voos suaves,

Ao sabor da brisa,

Como cegonha garbosa,

Ela descrevia traços no céu,

Volutas de fumo,

Cheirando a algas,

Cheirando a sal.

Perfume divino.

 

Cada palavra por ela cantada,

Feia ou bonita,

Popular ou não,

Soava doce e clara

Como nuvem branca,

Bailando no céu.

 

Uma presença serena,

De supremo porte,

Um timbre doirado,

Sem qualquer esforço,

Iluminava os olhos,

Irradiava paz,

Semeava amor.

 

Ouvindo Cesária Évora

 

Ovar, 12 de Maio de 2013

8h13m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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