Revolução de Maio!
Abri minha janela, pela manhã.
À minha frente era o deserto.
Nem um só dos meus vizinhos.
Reais.
Na velha tapada de Mafra.
Só a relva verde e os pássaros,
Debicando livres a palha seca.
Uma debandada geral.
- Teriam fugido
Da sede e da fome?...
Teriam sido levados
Para a revolução de Maio?...
Oxalá fosse!...
De ataque aos índios,
No terreiro do Paço?...
Abri a tv…
Podia ser que fosse…
Esperanças vãs
Do Abril
De antanho.
Mas nada havia.
Tudo pacato,
Em letargia plena e total.
Nada bulia.
Pelo meio dia,
Ouvi os telejornais.
- Grande manifestação tumultuosa,
No Marquês de Pombal, em Lisboa.
Só de cavalos!...
Com raiva,
Reais…
Era a grande notícia!
Ó que euforia!...
“- Queremos de novo, o Marquês!...
Venha outra República!...
Abaixo o governo!…
E esta anarquia de vergonha!...
Venha a democracia …
Uma democracia geral!”
Ali estavam
Espumando e clamando, heróis,
Os meus venturosos vizinhos
De Mafra…
Mafra, 23 de Maio de 2013
15h29m
Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
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