quinta-feira, 23 de maio de 2013


Revolução de Maio!

 

Abri minha janela, pela manhã.

À minha frente era o deserto.

Nem um só dos meus vizinhos.

Reais.

Na velha tapada de Mafra.

 

Só a relva verde e os pássaros,

Debicando livres a palha seca.

 

Uma debandada geral.

- Teriam fugido

Da sede e da fome?...

 

Teriam sido levados

Para a revolução de Maio?...

Oxalá fosse!...

 

De ataque aos índios,

No terreiro do Paço?...

 

Abri a tv…

Podia ser que fosse…

Esperanças vãs

Do Abril

De antanho.

 

Mas nada havia.

Tudo pacato,

Em letargia plena e total.

Nada bulia.

 

Pelo meio dia,

Ouvi os telejornais.

 

- Grande manifestação tumultuosa,

No Marquês de Pombal, em Lisboa.

Só de cavalos!...

Com raiva,

Reais…

 

Era a grande notícia!

Ó que euforia!...

 

“- Queremos de novo, o Marquês!...

Venha outra República!...

Abaixo o governo!…

E esta anarquia de vergonha!...

Venha a democracia …

Uma democracia geral!”

 

Ali estavam

Espumando e clamando, heróis,

Os meus venturosos vizinhos

De Mafra…

 

 

Mafra, 23 de Maio de 2013

15h29m

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes

 

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