sexta-feira, 10 de maio de 2013


mãos de pianista…

 

Das mãos calejadas dum cavador

Sai o chão de terra exposta ao sol,

Esperando a sementeira.

 

Do tecelão que enfrenta as linhas ,

Solitário,

Frente a um altar de cores,

Saem lavores que são hinos

À beleza e à harmonia.

 

Do ferreiro de malho em brasa,

Batendo firme, sobre a bigorna,

Espera o pedreiro o aço

Para domar a pedra.

 

Do golpe firme e certo

Na arte nobre da cirurgia,

Brotam milagres verdes

E ressurreições reais.

 

Das noites de estudo às cegas,

Perscrutando mundos ocultos,

Buscando sucessos

Saem explicações seguras

Dos universos menores

Que são a raiz de tudo…

 

Tudo isto é arte real e nobre,

Em ponto grande!...

 

Mas, por que sorte e por que saber

A magia daquelas inefáveis mãos,
 
Olhos fechados,

Retiram sons, em brasa,

Horas a fio, sem se cansar,

Frente a um piano aberto,

Que nos arrebatam ao êxtase total

Num céu de sonho!?...

 

Ouvindo Rachmaninov, concerto nº 2, por H. Grimaud

 

 

 

 

 

 

Sem comentários: