mãos de pianista…
Das mãos calejadas dum cavador
Sai o chão de terra exposta ao sol,
Esperando a sementeira.
Do tecelão que enfrenta as linhas ,
Solitário,
Frente a um altar de cores,
Saem lavores que são hinos
À beleza e à harmonia.
Do ferreiro de malho em brasa,
Batendo firme, sobre a bigorna,
Espera o pedreiro o aço
Para domar a pedra.
Do golpe firme e certo
Na arte nobre da cirurgia,
Brotam milagres verdes
E ressurreições reais.
Das noites de estudo às cegas,
Perscrutando mundos ocultos,
Buscando sucessos
Saem explicações seguras
Dos universos menores
Que são a raiz de tudo…
Tudo isto é arte real e nobre,
Em ponto grande!...
Mas, por que sorte e por que saber
A magia daquelas inefáveis mãos,
Olhos fechados,
Retiram sons, em brasa,
Horas a fio, sem se cansar,
Frente a um piano aberto,
Que nos arrebatam ao êxtase total
Num céu de sonho!?...
Ouvindo Rachmaninov, concerto nº 2, por H. Grimaud
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