O esplendor do fim...
Estremeço ao pensar na morte
E na porta que ela abre,
Para onde dá?
Será o fim?...
Será o começo?...
Outro caminho?...
Ou só o fim de tudo?
Ponto final.
Acabou-se o bom.
Acabou-se o mal.
Se assim fosse,
Para que serviu viver?
Tanta noite triste,
Tanto raiar de dia,
Com dor e fome,
De pão ou amor,
Tanta hora alegre,
De quem sente o sol
E o calor que dá sem fim
Para tudo e todos...
Uma sensação feroz
Me rumina funda,
Vem lá de trás.
Como uma sombra,
Perene,
Sem cor ou negra
Me persegue,
A cada hora lenta
Que o tempo dá.
Neste cortejo imenso,
Onde tu e eu
Seguimos.
Olhos prá frente,
A tudo atentos,
Com gosto ou fel...
Pesado enigma,
Que faz tremer,
Se só em mim
Eu quiser confiar.
Quem não tem em si,
Bem lá no fundo,
Um recanto seu,
Que é só seu...
Onde se guarda tudo?
Ninguém de fora,
Entra...
Apenas eu?...
De olhos fechados,
E pensamento aceso,
Pela esperança e fé...
Um outro sol presente,
Oiço e vejo,
Como em pleno dia,
Que o nosso fim
É a casa de Deus...
E só assim sereno.
Ouvindo requiem aeternum de Mozart
Ovar, 1 de Junho de 2013
Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
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