Milagre das cerejeiras
Por volta do mês de Maio,
Quando o vento dava
para lançar o papagaio,
colado a goma de sapateiro,
todo ele em papel negro de jornal,
preso a cinquenta metros de fio grosso,
das canas secas
dos foguetes mortos,
a cerejeira alta do vizinho,
exibia engalanada,
que nem um andor,
abundantes cachos rubros de cerejas.
O dono ia para a feira da vila descansado.
A pequenada, no fim da escola,
Poisava no chão respeitosamente,
As alças presas das sacolas.
Pareciam macacos trepadores,
Pelo tronco grosso acima.
Até aos cumes.
Depois era só encher,
O corpo,
À volta fresca da camisa.
Até mais não…
A seguir,
Na mata do tanque,
Da quinta das bócas.
Sob os carvalhos
De frondosa sombra.
Era um fartote!...
Não havia gelados, yogurtes,
Nem frigoríficos.
Só havia sol
E a liberdade de fazer milagres
A céu aberto,
À saúde da cerejeira…
Ovar, 25 de Maio de 2013
15h52m
Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
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