sábado, 25 de maio de 2013


Milagre das cerejeiras

 

Por volta do mês de Maio,

Quando o vento dava

para lançar o papagaio,

colado a goma de sapateiro,

todo ele em papel negro de jornal,

preso a cinquenta metros de fio grosso,

das canas secas

dos foguetes mortos,

a cerejeira alta do vizinho,

exibia engalanada,

que nem um andor,

abundantes cachos rubros de cerejas.

 

O dono ia para a feira da vila descansado.

A pequenada, no fim da escola,

Poisava no chão respeitosamente,

As alças presas das sacolas.

 

Pareciam macacos trepadores,

Pelo tronco grosso acima.

Até aos cumes.

 

Depois era só encher,

O corpo,

À volta fresca da camisa.

Até mais não…

 

A seguir,

Na mata do tanque,

Da quinta das bócas.

Sob os carvalhos

De frondosa sombra.

Era um fartote!...

 

Não havia gelados, yogurtes,

Nem frigoríficos.

Só havia sol

E a liberdade de fazer milagres

A céu aberto,

À saúde da cerejeira…

 

Ovar, 25 de Maio de 2013

15h52m

 

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes

Sem comentários: