domingo, 26 de maio de 2013

Minha grafonola velha…


Era de dar à manivela

A minha grafonola preta.


Como um moinho à roda,

Moía notas de som,

Desfiava baladas quentes,

Melodias do fado,

De Farinha e Marceneiro.

Do Hilário do choupal…
De Lisboa, a capital.


Não precisava de cordas

De harpa ou de viola.
Nem para o corridinho.

Só sei.

Aquele bico a prumo,

Riscando o disco,
Às voltas,

passavam de mil,

Sem fazer fumo,

Desfiava vozes
E debicava sons,

Com a exactidão,

Total encanto,

Duma perfeita orquestra.


Ali jaz no sótão,

Tão caladinha e sóbria,

Como se estivesse morta,

Mas ainda canta e toca,

Se eu lhe der a corda…


Ovar, 26 de Maio de 2013

7h49m

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes

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