Milagre das mágoas…
Atirei ao vento as minhas mágoas todas.
Como penas de aves
Que já nem para cobrir do frio,
Serviam.
Nasceram em mim,
Tão sorrateiras,
Como ligeiras mossas,
Como feridas graves,
Que nem a chuva ou o sol
Conseguiram sarar.
Fiquei curado.
Por um milagre
Que só a Deus eu devo.
Alguém o pediu por mim.
Nem a coragem eu tinha
Para o pedir.
Voltei a ser de novo.
O amor renasceu.
Muito mais puro.
Com muito mais força.
Agora, acordo e amo,
Intensamente,
Cada dia que nasce.
Como nunca amei.
Sinto perfumes
Que eu ignorava,
O odor da terra,
Das primeiras chuvas.
Das flores silvestres
Que, de graça, tão bem
Vestem os montes.
Das tílias gigantes
Que, sem o saberem,
Cheiram a mel.
Reparo nos ninhos
Que as aves tecem,
Com o mesmo carinho
Das nossas mães.
Sofro a dor do meu vizinho,
Quando lhe vejo lágrimas,
A correrem na face,
Sem curar saber
Se são de raiva
Ou se são de dor.
Minha vida corre,
A fluir de Deus,
Como um rio ridente
A correr para o mar.
Mafra, 23 de Maio de 2013
20h46m
Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
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