segunda-feira, 27 de maio de 2013


Fecunda guerra...

 

Caem pedras no meu telhado.

Chovem na minha cama

Cinzas negras

Dum vendaval feroz.

 

Oiço cães na rua.

Vêm esfaimados

Das mansões de luz.

 

Passam os coveiros

De enxada nas mãos.

Querem enterrar-nos vivos.

Por ordem d’alguém.

 

Estilhaçaram tudo.

Com vestes de anjos.

Querem o meu sangue

Para o seu festim.

 

São canibais de fome...

Devoraram os pais.

Não poupam ninguém.

 

Deixei minha G-3

Nas bolanhas de África.

Minha cartucheira amada.

 

Agora é que eu a queria

Mesmo à cabeceira.

 

Nem um só escapava.

Mesmo sem pontaria.

Ia tudo a eito.

 

Até que, de novo, a paz

Voltasse a nascer...

E minha terra verde

Me visse a morrer.

 

Ovar, 27 de Maio de 2013

14h53m

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes

 

 

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