Noite milagrosa…
Amarrei meu barco a um penedo ,
Na borda da praia.
Tirei as redes molhadas,
Escorrendo de algas.
Chamei o povoado para perto.
Puseram-se banheiros, mulheres
E muitos turistas.
Curiosos à volta em arco.
Um monte de peixes luzentes,
Dos mais variados,
Cheirando a mar,
Luziam ao sol
E saltavam aflitos,
Com as guelras sem ar.
Ninguém acudia.
Enchi os cabazes
E fiz um leilão.
Parti dum tostão.
Começou um despique.
Assanhado.
- Que peixe fresquinho!...
-quem é que dá mais?
O primeiro cabaz tinha de tudo.
Peixinho miúdo:
carapau, sardinha e faneca.
E três polvinhos larvares,
Com os braços em arcos,
Pareciam dançar.
- Rendeu cem escudos!...
Uma pequena fartura.
Deu prás despesas da faina.
O segundo açafate era mais recheado.
- linguados vivinhos, robalos e trutas.
Começou o pregão.
Meus olhos ferviam,
Com uma esperança acesa,
Bailando na mente.
Aquilo que desse,
Seria inteiro
Para o fato novinho
Do batizado do neto,
Na capelinha da Senhora do mar.
- ó que sucesso!
- quinhentos mil réis!..
Foi quanto deu.
Passei ao terceiro.
De peixe graúdo.
Pescadas, marmotas e raias.
Uma fartura.
Comecei o despique,
Cheio de medo.
Ali estava um segredo
Que só eu conhecia.
- que vestido mais lindo,
- Fazia inveja!...
Eu vira na montra mais chique da vila
Prá minha mulher!...
Oxalá ‘inda lá esteja.
Foi um corropio feroz.
Parecia uma guerra mordaz.
Com as graças de Deus!...
- Deu para o vestido janota
E chegou para a boda mais farta
Que, algum dia,houve na Póvoa!...
Ouvindo André Rieu
Ovar, 18 de Maio de 2013
7h31m
Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes
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