Das minas e poços…
Nasci na aldeia,
De campos e montes,
Silvados e bosques.
Das casas de telhas francesas,
Com eiras de pedra,
E das altas medas de palha.
Pareciam castelos.
Saboreei do mosto,
À bica da pipa fervente,
Cheirando a uvas.
Regalei-me do fumeiro,
Negro, pendente,
Em cachos,
Dos caibros e toros
Por debaixo das telhas.
Sei o cheiro do milho e do grão,
Guardado nas arcas,
De grossas tábuas carvalhas.
Onde o bicho não entra.
Vi a água a jorrar
Das noras profundas,
Em rios correntes,
Para a rega dos campos.
Apanhei, em criança,
Os bagos das uvas espalhados
No chão das vindimas.
Pisei, horas a fio,
Enterrado dos pés à cintura,
Nos lagares de pedra,
Carregados de uvas.
Mas, de tudo o que vi,
Ainda hoje, eu sonho…aterrado.
Tinha um medo e pavor moribundo,
Dos muitos poços e minas profundos,
Donde a água saía, sem fim,
Como fada encantada…
Ouvindo “nocturnos” de Chopin,
Ovar, 11 de Maio de 2013
6h34m
Joaquim Luís M. Mendes Gomes
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