sexta-feira, 10 de maio de 2013

Das minas e poços…


Nasci na aldeia,

De campos e montes,

Silvados e bosques.

Das casas de telhas francesas,

Com eiras de pedra,

E das altas medas de palha.

Pareciam castelos.


Saboreei do mosto,

À bica da pipa fervente,

Cheirando a uvas.


Regalei-me do fumeiro,

Negro, pendente,

Em cachos,

Dos caibros e toros

Por debaixo das telhas.


Sei o cheiro do milho e do grão,

Guardado nas arcas,

De grossas tábuas carvalhas.

Onde o bicho não entra.


Vi a água a jorrar

Das noras profundas,

Em rios correntes,

Para a rega dos campos.


Apanhei, em criança,

Os bagos das uvas espalhados

No chão das vindimas.


Pisei, horas a fio,

Enterrado dos pés à cintura,

Nos lagares de pedra,

Carregados de uvas.


Mas, de tudo o que vi,

Ainda hoje, eu sonho…aterrado.

Tinha um medo e pavor moribundo,

Dos muitos poços e minas profundos,

Donde a água saía, sem fim,

Como fada encantada…


Ouvindo “nocturnos” de Chopin,


Ovar, 11 de Maio de 2013

6h34m

Joaquim Luís M. Mendes Gomes

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